segunda-feira, 21 de julho de 2014

A Copa foi um sucesso, mas não deixou legado para o turismo da Bahia

Por José Queiroz*


A Copa do Mundo foi bem sucedida, como se esperava, afinal, o Brasil já havia dado mostras de sua competência para organizar grandes eventos, principalmente em São Paulo, com o automobilismo e shows, Rio de Janeiro, com o Rock in Rio e os Jogos Pan Americanos, e Salvador, com o Carnaval, que mobiliza mais de 20 estádios lotados em cada um de seus seis dias, com 20 mil policiais fazendo a proteção de foliões e de um contingente também gigantesco de prestadores de serviços, famosos e autoridades. 

O esquema de segurança afastou o risco de maiores tumultos causados por manifestações, e as que houveram não foram suficientes para estragar a festa, desanimar o brasileiro, impedi-lo de ir aos estádios, torcer, cantar, gritar – chorar algumas vezes, paciência - mas contagiar o mundo outra vez com sua conhecida, querida e incomparável simpatia. Salvador, com sua vocação festeira, que é um dos atrativos da cidade, foi brindada com inesquecíveis partidas, gols, personagens, e uma mistura de povos estrangeiros, brasileiros e baianos que não se via há muito tempo!

A cada partida, cerca de 100 mil pessoas circularam entre o Estádio, Farol da Barra, Pelourinho, Rio Vermelho e Imbuí, cuja noite precisa ser integrada ao circuito turístico da cidade! E a Bahia pode continuar recebendo a mesma quantidade de pessoas em muitos outros momentos do ano, de diferentes lugares, propiciando o intercâmbio de culturas através do convívio nesses lugares e em outros, como as praias, Chapada Diamantina, etc. São muitos os atrativos no estado, alguns conhecidos internacionalmente, e muitos os interessados!

Mas, para isto é preciso que haja profissionalismo institucional também, técnicos que possam auxiliar gestores a identificar as atrações e os serviços que interessam ao turista, que conheçam o perfil dos povos que procuram Salvador, por exemplo - brasileiros, argentinos, chilenos, portugueses, espanhóis, franceses, italianos, alemães, holandeses, norte americanos, judeus, etc. – que possam indicar o que poderia mantê-los mais tempo na cidade, e auxiliar no planejamento, administração e fiscalização dos serviços. Tudo o que não houve na Copa!

O atendimento no Brasil foi literalmente improvisado! Os turismólogos não foram aproveitados e a tal qualificação de profissionais foi pura falácia! A experiência de agentes de viagens, hoteleiros e guias de turismo veteranos garantiu a boa recepção, apesar de manipulada, em parte, pela própria FIFA, que tem sua operadora e fez parcerias que acabou deixando muitos profissionais do país sem trabalho. Em Salvador, a Bahiatursa e o Sindicato de Guias de Turismo da Bahia passaram a intermediar o trabalho de guias - que são autônomos! - em grandes eventos, como o Carnaval, através de uma empresa criada para isto, a Check List Soluções, que pagou R$ 2.000,00 por um mês de trabalho na Copa, enquanto as agências de receptivo tradicionais pagaram até R$ 500,00 por um dia! O Sindicato, que depende da Contribuição Sindical de todos os profissionais do estado, não garante o trabalho para todos eles nesses eventos, infringe a Lei 8.623, no Art 2º, que obriga o profissional a ser credenciado no Min. Turismo, aceitando ‘monitores’, pessoas não credenciadas, inexperientes, que são os indicados e protegidos de pessoas ligadas ao Turismo, que tiram as poucas opções dos profissionais. 

O principal atrativo da cidade, o Pelourinho, a âncora que atrai turistas que também vão à Mangue Seco, Praia do Forte, Recôncavo Baiano, Morro de São Paulo, Chapada Diamantina, etc., foi abandonado no governo de Jaques Wagner, do PT, é o mais deteriorado dos patrimônios da humanidade no Brasil, e nem os recursos abundantes para a Copa foi capaz de sensibilizar gestores e convencê-los a concluir a reforma! Atualmente o lugar é evitado pelos próprios baianos, e a agressão ao americano em pleno evento não foi um caso isolado. O próximo governante terá muito trabalho para desocupar casarões ameaçados de desmoronamento, realocar indigentes e delinqüentes que infernizam o Centro da cidade, e garantir o acesso, segurança e bons serviços. A divulgação dos demais atrativos do estado também depende do bom atendimento no Centro Histórico.

Nenhum hotel novo foi construído em Salvador para esta Copa! Mas, apesar destas e outras deficiências no receptivo da cidade, como mobilidade, estacionamento, banheiros públicos, etc., perfeitamente corrigíveis, Salvador continua sendo uma cidade atraente, desejada por pessoas de vários lugares, e importante para a indústria turística mundial, que a venderia muito mais, caso ela estivesse em melhores condições, e garantisse bom atendimento, comodidade, e segurança para quem quer vir. Poucas cidades do mundo, inclusive entre as mais visitadas - Londres, Paris, Nova Iorque, Barcelona, Tóquio, etc. – tem identidade tão definida e tantos atrativos como Salvador: 50 km de praias ensolaradas o ano inteiro, uma baía imensa na sua frente, história, memória, comida, música, arte e povo! A Copa mostrou tudo isto, só é preciso profissionais que criem as condições para receber turistas sempre, e que colaborem com a economia e a cultura da Bahia. Não são apenas a beleza e a fama que atraem mais de 80 milhões de turistas por ano à França, 60 milhões aos EE UU, 50 milhões à Espanha ou à China. É trabalho com profissionalismo!

*José Queiroz é guia de turismo e agente de viagem especializado em Turismo Receptivo
blogturismoreceptivo@gmail.com

segunda-feira, 7 de julho de 2014

PESQUISANDO A HISTÓRIA : IV ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIRO

PESQUISANDO A HISTÓRIA : IV ENCONTRO DE HISTÓRIA DO IMPÉRIO BRASILEIRO: (CLICK NA IMAGEM E ACESSE A PÁGINA DO EVENTO)